Entrevista e fotos da Pê na Vila Maria

02-03-2011 12:41



A VJ foi apresentada para a comunidade da Unidos de Vila Maria

Que o carnaval é a festa que une gêneros e tipos diversificados não resta dúvida. Quem resolveu provar isso é uma mulher que, até então, impressionava pelo estilo transgressor, além das curvas torneadas, a pele tatuada e o gosto musical apurado à frente da telinha. A apresentadora e VJ da MTV Penélope Nova, 37, foi escolhida como a mais nova musa da Escola Unidos de Vila Maria. Após uma polêmica de que a ex-bbb Cacau havia deixado o posto, a agremiação foi em busca de outra gata para abrilhantar seu enredo - e quem ganhou a vez foi a roqueira.

Avessa aos comentários de que é a substituta e preocupada com seu samba no pé, Penélope quer fazer bonito na passarela e mostrar que as metaleiras também têm o seu ziriguidum. Baiana, a apresentadora já havia curtido a folia nos trios elétricos de Salvador e pela primeira vez coloca os pés (agora com salto de passista) na avenida.

Dedicada à forma física e totalmente aberta para essa empreitada, Pê, como é chamada pelos amigos, bateu um papo com o Guia da Semana sobre esse desafio e contou o que faz para manter o corpão, de dar inveja, em dia. Confira! 

Guia da Semana: O que te motivou a aceitar esse convite da Vila Maria?
Penélope Nova: Foi a proposta da escola. Eles estavam buscando uma pessoa com uma grande representatividade no público jovem, já que eles têm muitos adolescentes na comunidade. Acima disso, o que mais gostei foi que eles me disseram que buscavam uma musa que saísse do óbvio. Achei interessante. Vivemos em um mundo onde, na maioria das vezes, estamos tão conformados com determinadas coisas. E quando você encontra uma comunidade com a tradição que a Vila Maria tem, disposta a bancar uma história dessa, me dá tesão.

Guia da Semana: Você está sendo considerada uma musa hype do carnaval, como enxerga isso?
Penélope: É uma novidade. O hype chegou ao carnaval (risos). Eu acho que qualquer exercício que a gente faça para quebrar algum paradigma cultural ou social é interessante. As pessoas sempre falam em nome da diversidade, do que é politicamente correto, mas isso não é praticamente exercido. Em tese, todo mundo é aceito tem espaço, mas a gente sempre vê a repetição das coisas. Falar é fácil, mas ter a coragem de romper com isso é raro. Essa foi a oportunidade que eu vi.

Guia da Semana: E com isso pretende quebrar o estereotipo de roqueira?
Penélope: Todo mundo acha que eu sou roqueira e sou mesmo. Tenho tatuagem, sou branquela e sou do rock. Mas o carnaval é uma manifestação cultural que vai além do samba. Não preciso curtir pagode para gostar do carnaval, onde todos estão unidos com um objetivo comum. Esse tipo de sensação é uma coisa tão única na vida. Fazer parte disso é um privilégio. É mais importante que ficar na avenida dando close, pagando de gostosa, essa não é a minha.

Guia da Semana: Você costuma frequentar alguma escola de samba?
Penélope: Não. Eu sou baiana, sempre passei o carnaval lá. Apesar de ser do rock, eu sempre curti o som de lá. Já me viram no trio da Ivete, sabem que, se eu for, vou estar lá requebrando até o chão e adorando. Não vou ouvir axé fora do carnaval, mas lá eu estou amando. Não vou ouvir Iron Maiden, Clash, Killers durante a festa, não é hora.

Foto: Divulgação
A VJ é extremamente rigorosa com a alimentação e não abre mão de malhar cinco vezes por semana

Guia da Semana: Como está a preparação para o desfile? Fez aulas de dança ou já tinha samba no pé?
Penélope: Estou preocupada em sambar direito e quero fazer isso o mais bonitinho possível.  Faço aula com a rainha da bateria, Priscila Bonifácio. Sou baiana e sei sambar igual baiano. Quando se tem uma passista na orelha, descobre-se que samba de baiano não é samba, é axé. Envolve uma postura, o requebrado e o molejo do quadril são um desafio. Além disso, treino diariamente, faço musculação cinco vezes por semana, tenho uma hora de aeróbio pelo menos três vezes na semana. O restante do preparo é parte esportiva mesmo. Faço algo aeróbico para dar resistência e também me ajudar a dar gás na avenida. Já sei que não poderei nem tomar água durante o desfile. Estou pensando em beber meu próprio suor (risos).

Guia da Semana: Então, se acha viciada em exercício?
Penélope: É um vicio saudável. Sempre usamos essa palavra de uma forma pejorativa, que tenha a ver com uma dependência. Mas acho que sou viciada, sim, em endorfina. Não a ponto de isso atrapalhar minha vida, pelo contrário, me dá disposição no dia a dia.

Guia da Semana: Sua alimentação é balanceada?
Penélope: É bem rigorosa. Não como lactose, farinha branca, trigo, açúcar e gordura, de segunda a sábado. O domingo é meu dia livre. O corpo precisa disso, se não ele se acomoda e a estratégia não funciona. 

Guia da Semana: Acha que, com tanta preparação, vai fazer bonito na avenida?
Penélope: Não tenho essa petulância (risos). Tenho a intenção e a dedicação para. Garanto que o melhor que me for possível eu vou fazer. Agora, eu nunca vou chegar à unha do dedo mindinho das passistas, existe uma limitação que eu acho que é genética.

Foto: Divulgação

Penélope está fazendo aulas de samba com a rainha da bateria da escola e promete fazer seu melhor na avenida

Guia da Semana: Assim como muitas musas de escolas de samba, você fez alguma exigência?
Penélope: Não fiz nenhuma. A única solicitação que eu fiz foi ver se havia a possibilidade de alguém na escola me dar aulas. A orientação de alguém que saiba o que eu deveria fazer. Foi só isso mesmo. Estamos bolando a fantasia juntos. Sempre me consultam, me mostram, há um interesse mútuo, um trabalho de colaboração.

Guia da Semana: Acredita que haverá preconceito por parte do público?
Penélope: Acho sim. Sempre existe gente preconceituosa, mas não acredito que seja maioria. Acho que serei muito bem recebida. No meu caso, se acontecer, será um preconceito às avessas. O diferente é valorizado nessa festa. Isso é coisa de quem gosta de falar do outro e não vê a si próprio. E pior, não percebe que isso poderia acontecer com ele mesmo. As pessoas tendem a se achar muito especiais, claro, somos únicos, mas até certo ponto somos muito iguais, e aí há uma questão de ego e de gente mal resolvida que precisa se achar melhor e diferente.

Guia da Semana: Se você ouvir uma cantada na Avenida, como vai responder?
Penélope: Vou sorrir e agradecer (risos). Elogios respeitosos são sempre bem-vindos. Nada que não tenham assistido no Ponto P [ex-programa sobre sexo na MTV do qual a VJ era apresentadora] uma vez na vida. Dependendo do que fala, ouve o que merece. Sempre me respeitaram até agora. E se isso acontecer, sei lidar muito bem com isso. Esse desafio é o menor para mim. Com certeza, o samba é o maior deles.

 

Fonte e Entrevista :

https://migre.me/3YuYR



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